quinta-feira, 3 de abril de 2008

Paciência

"Eu gosto tanto de ouvir os pingos de minuto do tempo assim: tic-tac-tic-tac..."
Molham minha casa macia insistentes gotas que deslizam sobre minha pele quente, uma a uma, evaporam no ar. Meus olhos observam escancarados, meu corpo não se move. Sou apenas sentido, sentimento sentido, gota toca, pingo escorre, e passa.
Por dentro movimentos involuntários das veias que se explodem a cada tic, do pulso que acelera a cada tac. E eu não me movo.
Sou explosão - no cronômetro, tic, tac...
Sou ausência (os relógios nunca foram meu acessório predileto, a ponta do pininho que gira os ponteiros sempre arranha minha superfície aquecida nas noites de solidão intensa.)